23 agosto, 2015

O FEITIÇO DE JÚLIO


Amante incondicional da dança, Luna entrega-se de corpo e alma às suas aulas de tango argentino. Quando dança, o mundo deixa de existir – é somente ela, a música e o seu corpo. A batida do tango transmite energia, faz vibrar o coração, desperta-lhe a líbido. Dançando, ela exercita a mente, mantém-se em forma e a sua sensualidade fica mais aflorada.
A sua turma na academia de dança tem muitos alunos. A sala sempre cheia, corpos vibrantes roçando-se, esfregando-se, bailando. O professor, deveras atraente, não se coíbe de assediar as alunas durante as aulas e instiga os rapazes a fazerem o mesmo. Apesar da languidez erótica implícita no tango, Luna trava as investidas dos colegas porque não deseja envolver-se sexualmente com nenhum deles.
Nesta aula, porém, algo inusitado ocorre. Os alunos vão chegando, o professor trauteia com uma pupila, Luna espera que a aula comece. Ninguém repara que entrou um novo aluno. Vendo Luna sozinha, ele vai ao encontro dela.
Olá! O meu nome é Júlio.
Luna paralisa ante a presença enigmática daquele deus grego da beleza.
E o teu? — continua Júlio, sorrindo.
— Luna — responde a jovem, enfeitiçada por aquele rapaz de semblante apolíneo.
— Eu sou novo aqui, Luna. Vim para a minha primeira aula.
— Então, vem — balbucia ela, entorpecida. — Vou apresentar-te...
Não é necessário, Luna. Basta conhecer-te a ti.
Luna sente-se devorada por aquele olhar misterioso, envolvente, arrebatador; e cada vez que o ouve pronunciar o seu nome, arrepia-se.
Começam a formar-se os pares para iniciarem a aula. Júlio beija delicadamente a mão dela, apressando-se em acompanhá-la. Luna, hipnotizada, aceita dançar com ele. Sente, então, o toque de uma mão ousada na anca. Ele força a abertura de uma perna para o lado, ela abre as duas pernas, e rodopiam pelo salão, trocando olhares profundos, divertidos, excitados. Luna, mais experiente, conduz o ritmo; Júlio segue-lhe os passos. Enquanto dançam, ele acaricia-lhe o corpo, fá-la tremer ao fitá-la no fundo dos olhos. Quando lhe pressente um volume a armar-se na braguilha, Luna esforça-se por ignorá-lo, em vão. Na verdade, sente vontade de lhe arrancar as calças, pegar-lhe no membro erecto e afagá-lo.
No fim da aula, o professor dá as boas-vindas ao novo aluno. Vislumbrando a química existente entre ele e Luna, sugere que ambos pratiquem mais a coreografia do tango e afasta-se.
A aula deixou-me faminto. Posso convidar-te para jantar? — sussurra Júlio.
Este convite, para Luna, é uma ordem. Mesmo que quisesse, não conseguiria recusar.
— A seguir, se não estiveres cansada, podemos dançar mais.
Luna, totalmente rendida e enfeitiçada, segue-o.
Na rua, entram no carro dele. Júlio liga o motor e arranca.
— A minha casa tem um salão enorme — afirma Júlio, conduzindo no rumo que pretende, com um brilho felino nos olhos lascivos. — Lá, jantamos tranquilos e aproveitamos o salão para dançar.
Durante a refeição, confessa o quanto a beleza dela o impressiona. Elogia-lhe o corpo de sereia, os cabelos, o perfume. A seguir, leva-a para o salão, iluminado por candelabros e decorado em tons escarlate. A música é sublime. Súbito, Luna ouve os acordes de A Media Luz, de Carlos Gardel, e demonstra os passos, porém, Júlio assume o controlo da dança; roça-se nela, atiça-a, excita-a. Ela geme, suspira, delira a cada toque que recebe. Ele inspira fundo e abaixa-se, de braços erguidos, mãos dadas com ela, beija-lhe o ventre e esfrega-lhe o rosto na zona púbica, inebriando-se com o aroma que daí exala.
Júlio, não aguento mais...
Não tenhas pressa, querida.
Não sei o que tens em mente, mas preciso ser tua.
Tenho todo o tempo do mundo para te amar.
— Então, ama-me... por favor.
Ele despe a camisa. Sem resistir mais, Luna ajoelha-se, arria-lhe as calças, beija e suga, sôfrega, o pénis altivo, engolindo-o tão fundo na garganta quanto pode. Sente o deleite de Júlio pelos gemidos, a respiração ofegante. Ele carrega-a nos braços para o quarto e pousa-a na cama repleta de almofadas. Despe-a. Fascinado com a visão daquele corpo soberbo, acaricia-o suavemente, aperta-lhe os mamilos até ela sentir uma leve dor e beija-os. Esfrega uma mão na vagina, lambe os seios e mordisca, com paixão, os bicos espetados; ela treme. De repente, torna-se mais sedento, os movimentos perdem a doçura; ela não protesta, gosta disso. Depois, vira-a de costas; uma mão apalpa-lhe as nádegas, a outra brinca no grelinho, levando-a à loucura. Ao senti-la prestes a gozar, lambe a gruta ardente, a língua movendo-se célere. Luna não aguenta tamanha excitação, grita de prazer.
Deitando-se na cama, Júlio pede que ela o cavalgue. Luna está louca, de olhos esgazeados. Senta-se no falo e move-se consoante o ritmo que o amante impõe, apertando os seios, mordendo os lábios, os longos cabelos negros balançando sobre o torso masculino. Beijam-se com ardor, chupam as línguas, ficam nesse enlevo por algum tempo. Logo após, os corpos giram. Agora, Júlio possui Luna por trás e morde-lhe levemente a nuca, fazendo-a contorcer-se de prazer. Ao sentir a explosão iminente, uiva como uma fera. Interrompe a penetração, desliza-lhe a língua no rabo e, numa só investida, invade o ânus.
Aaaaiii... Isso dói, Júlio!
Posso parar se quiseres, querida.
Não, Júlio! Não pares! Faz-me gozar!
Tens a certeza? Queres mesmo gozar?
Luna, alucinada, quer vibrar nas mãos dele. O seu rosto angelical, que se contrai com furor ao atingir um orgasmo, chispa fogo dos olhos arregalados e ela gane como uma cadela. Ele morde-lhe as orelhas, afaga-lhe os seios, estoca-a mais rápido. Quando ela alcança o êxtase, crava-lhe os dentes no pescoço e explode, desvairado, a seiva varonil nas entranhas femininas. Luna, extenuada, desaba na cama e cicia:
— Oh, meu belo feiticeiro, que emoção! Amo-te!
— Agora que te achei, minha deusa, jamais te deixarei.
Trocam beijos apaixonados e relaxam nos braços um do outro, corpos exauridos suando, corações acelerados, respirações descontroladas, todavia saciados, antevendo um futuro risonho, promissor, recheado de fortes emoções.

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in «Clímax! Faça-me Chegar Lá!»,  páginas 33-36
Editora Illuminare (Brasil), Abril 2015

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