A MAÇÃ DE EVA

Ilustração de Cláudia Banza

No bar do hotel, ela fita um rapaz atraente. Pede ao barman uma maçã, aproxima-se sorrateira, aborda-o.

― Sou a Eva.

O sorriso lascivo é retribuído.

― Chamo-me Nelo.

Roça-lhe a maçã nos lábios sensuais.

― Vamos?

Nelo rende-se à sedução, trinca a maçã. Eva arrasta-o; deixa-se levar. Sobem ao quarto dela. A porta fecha-se. Mãos que exploram, as bocas devoram-se, línguas emaranhadas.

― Chavalo gostoso!

Nelo suga-lhe os seios. Mãos habilidosas deslizam nas suas costas. Carícias firmes, delicadas. O corpo varonil freme, arrepia-se. Uma mão ousa descer: encontra algo húmido. Sensação divina! Eva suspira:

― Oh, que bom!

Geme, os beijos mais ardentes. Sem demora, ajoelha-se, deseja sorvê-lo.

― Isso, putéfia!

Nelo quer saboreá-la também. Joga-a na cama. Afunda-lhe o rosto nas pernas cálidas.

― Hum, delícia!

O tamanho da língua limita-o. Precisa de uma arma mais adequada: o falo desbrava na gruta acolhedora, aloja-se.

― Isso! Força!

Inflamada pelo desejo, Eva comprime-o com vigor, atiça-o. Nelo agita os quadris freneticamente, até ao limite.

― Aaaaahhh!

Após o êxtase, tremem extenuados. Precisam de um abraço; enroscam-se. O beijo devolve forças; beijam-se.

― Agora, vai embora.

Palavras secas, inesperadas.

― O meu marido pode chegar...

Assustado, Nelo veste-se, parte apressado. Nem um beijo de despedida! Então, a porta do roupeiro abre-se: exibe o esposo da sedutora implacável. Ela deita-se, ronrona:

― Pela tua cara, gostaste.

Ele sorri. Lança-lhe um olhar maroto, ruma à cama. Morde a maçã, beija-a satisfeito.

---

in «Contos ao Vento», páginas 233-235

Edições Vieira da Silva, Setembro 2015

Ilustração de Cláudia Banza