08 novembro, 2015

ATÉ À ÚLTIMA GOTA


Texto de SUZETE FRAGA


– Abençoe-me, padre, que eu pequei.
– Há quanto tempo não te confessas, minha filha?
– Não sei... já lá vai algum tempo desde a última vez.
– Diz-me, o que te traz por cá?
Com o coração apertado, Maria Benedita lá foi desabafando o motivo para tamanho desalento:
– Estou cansada... estou mesmo muito cansada. Acho que não sou capaz de renovar os votos, no ano que vem, sabe?
– O matrimónio requer trabalho, esforço e dedicação contínua. Conseguiste até agora e, após tantos anos, queres deitar tudo a perder? Por cansaço?
– É o raio da consulta. Desculpe! É a consulta... já sei o que o médico vai dizer. Não suportarei tal humilhação.
Olhando para a quantidade de fiéis à espera da confissão e, apesar de o assunto carecer uma urbanidade especial, o padre optou por abreviar a confissão. Mais rápido que um furacão, arrepiou caminho e recomendou-lhe:
– Reza três ave-marias a Nossa Senhora, que ela te ilumine e te dê forças. Vais ver que encontras a solução. Tem fé, minha filha!
Não se sabia se por defeito ou qualidade, o certo é que o padre Barnabé era assim mesmo: escravo do relógio, detentor de uma pontualidade cirúrgica. Mais tarde, ficaria a remoer sobre o assunto e haveria de lhe dar a atenção que merecia mas, por agora, era imperativo abreviar as confissões; um compromisso na paróquia vizinha (um funeral) obrigava-o a isso.
Despachada num abrir e fechar de olhos, Maria Benedita assim fez: recolheu-se a um canto e, depois da oração, canalizou as suas aflições para a imagem de Nossa Senhora das Neves. Se outrora a Senhora respondeu, através de sonhos, que destino o casal romano deveria dar à sua fortuna, podia ser que também a visitasse em sonhos, indicando-lhe um rumo para a sua vida. De olhos postos na Virgem, foi desfolhando, mentalmente, a sua desgraça.
Em tempos, considerara-se um chaparro. Um chaparro frondoso, imune às adversidades climatéricas e temporais. Fora uma dessas árvores que proliferavam na planície imensa, sob o calor alentejano. Fora um sobreiro produtivo: dois filhos, o tesouro mais precioso que acalentava a alma em dias de tempestade. Porém, a tempestade tinha vindo a ganhar força e terreno, desde há muito tempo. Formara uma gigantesca bola de neve: uma barreira que a separava do marido – e se havia como derrotar este adamastor, desconhecia a fórmula para o trespassar, para o ferir de morte e salvar o seu casamento.
Recordou o juramento «Na saúde e na doença, até que a morte nos separe...» e abanou a cabeça negativamente. Fora um ato tresloucado – a jura de amor eterno. Como manter a palavra se ele tinha outro amor? Um amor poderoso, sedutor, atraente, sublimemente viciante?
Se ao menos desistisse da consulta, nem que fosse ao último minuto. Se admitisse a sua paixão por ela, aquela destruidora de lares! Se ela não deturpasse a realidade! Se ela não provocasse paranóia e delírios...
Maldita bebida!
Essa parceria nefasta devorava corações, sugava vidas, sonhos, esperanças, desejos, vontades... Reduzira um imponente sobreiro a uma mera papoila. Era assim que Maria Benedita se sentia: uma papoila fustigada pelo vento, perdida e indefesa no meio de uma seara ardida. O ópio que tinha para oferecer nunca fizera, nem faria, frente a tal oponente.
Faria sentido renovar os votos matrimoniais? Desejaria continuar a brincar ao faz de conta? «Faz de conta que és um alambique, faz de conta que destilas os elementos nocivos, faz de conta que o cheiro a mosto nos lençóis é um perfume caríssimo e inebriante, faz de conta que os impropérios que te são dirigidos não passam de lamúrias do vento, faz de conta que tens em casa uma raridade de valor incalculável quando, na verdade, não passa duma zurrapa reles!»
Fazer de conta também cansava. Cansava fingir que era feliz, cansava calar, cansava ser constantemente magoada, cansava quando as próprias crias sofriam com a obsessão alcoólica. Cansava não ter dinheiro para comida ou material escolar porque as tascas e tabernas tinham prioridade, tiveram sempre prioridade.
Sentia-se extenuada de tanto cansaço. Atingira o limite das suas forças e a sua paciência extinguira-se. Aquela consulta seria a última gota. Implorou baixinho: «Não vás... Não queiras saber o resultado dos exames, confia em mim...»
Junto ao Alqueva, admirava os milhares de pontinhos brancos que sarapintavam o céu. De uma beleza infinita, a reserva “Dark Sky” sempre fora o seu lugar de eleição para meditar. Uma estrela cadente riscou o célio enegrecido. Seria um sinal? «Corre e não olhes para trás!» Seria isso?
Amanhecera mais cedo. Porque haveria o dia de começar mais cedo? Qual era a pressa? Seria ânsia do abismo engoli-la de uma vez por todas? A muito custo, camuflou o mal-estar que estava a sentir; era alvo de uma atenção que não desejava: semblantes acusadores formavam um pelotão de fuzilamento à espera da ordem para disparar, pareciam hienas com a dentição em riste. Ignorou o melhor que pôde, recriminando-se, simultaneamente, pela escolha infeliz dos autocarros da “Rodoviária do Alentejo”, um táxi ter-lhe-ia poupado uma boa dose de constrangimento.
O percurso de meia hora, mais coisa menos coisa, permitiu-lhe saborear o seu Alentejo. Quiçá, pela última vez.
– Chegámos – avisou Constâncio, arrancando-a da sua despedida secreta, à força.
Inspirou fundo para ganhar coragem e deu entrada no hospital de Évora, para a malfadada consulta.
«É agora!»
Foram atendidos por uma jovem muito simpática, parecia ter sido escolhida a dedo para o cargo. Discreta e de uma sensibilidade para lá do inimaginável, apontou-lhes a pequena sala de espera enquanto entrava num dos gabinetes.
– O Sr. Doutor já vem atendê-los. Aguardem, por favor.
Impaciente, Constâncio rompia a sala de tanto andar de um lado para o outro. Sem um pingo de compaixão, apresentava-se visivelmente satisfeito, sádico até. Felizmente, minutos depois, o médico saiu do gabinete e mandou-os entrar. Indicou-lhes o caminho, num gesto cortês. Sobre a secretária repousava o envelope com os exames, os exames que Constâncio reclamava há imensos anos.
Cravou os olhos no casal perscrutando as suas expressões faciais, deixou escapar um trejeito com a cabeça, em modo de reprovação, e, após um tortuoso compasso de espera, perguntou:
– Têm noção do que estão prestes a descobrir? Querem mesmo avançar com isto?
Ambos acenaram positivamente.
– Muito bem. Comprove com os seus próprios olhos, Sr. Constâncio. A sua paternidade confirma-se. Parabéns!
O veredito foi como um soco na boca do estômago, ele estava convicto de que Pedro e Diana não eram seus filhos, vira-os sempre como bastardos. Tratara-os abaixo de cães, dava muito jeito na hora de sacudir as responsabilidades em detrimento da bebida. Aturdido com a revelação, insistiu numa explicação detalhada e trocada por miúdos. A esposa – mais vermelha que um tomate maduro – pediu licença para se ausentar, uma vez que já cumprira a sua parte, não fazia mais falta ali. Tinha mesmo de sair mais cedo para marcar uma outra consulta na dermatologista e fazer umas compritas na cidade. Combinou apenas a hora e o local de paragem do autocarro para não se desencontrarem. Imbuída por um sentimento de revolta e algum amor-próprio – o que restou – telefonou aos filhos a confirmar o plano.
Sujeitar-se à confirmação de paternidade foi a última gota. Entrou no primeiro táxi que encontrou e pediu ao taxista que seguisse o mais rapidamente possível para a central das camionetas. À sua espera, já se encontravam os filhos com uma pequena mala de viagem para cada um deles. Preferiam um rumo sem destino a uma vida de cão, dentro da própria casa. Abandonaram aquilo que devia ter sido um lar. Para trás, ficou a maior parte dos pertences, coisa de pouco préstimo, e um diário – o diário de Maria Benedita.

***

Constâncio calcorrearia a cidade, de café em café, golada atrás de golada. Quando o nível de bebida superasse a quantidade de sangue, resignar-se-ia a fazer a viagem de regresso a casa. «Aquela vaca vai ver com quantos paus se faz uma canoa. Vai ouvir o dobro do que eu ouvi do médico. Aquele saloio... nem mulher deve ter! Se tivesse, saberia que elas são umas oferecidas. Tudo lhes serve, desde que se mexa. Grande azémola! Já se acha muito macho por ter um canudo! Mais uma palavra e era eu que lho enfiava pelas goelas abaixo...»
A ira avolumar-se-ia a cada copo. A ira e a coragem. «Enfiar-lhe o cano da espingarda nas fuças ainda vai ser pouco, a badalhoca!»
A planície já se encontrava envolta num manto crepuscular quando Constâncio, num estado deplorável, alcançou a soleira da porta.
Um silêncio sepulcral reinava na casa. Não havia uma única luz acesa. Do jantar, nem sinal. Apenas uma espécie de livro em cima da mesa. «Vai um dia à cidade e já me vem com mariquices! O que andas a tramar, ordinária?» Folheou o diário, atabalhoadamente, para se inteirar do conteúdo. Reparou nas datas: umas de há uns vinte anos, outras mais recentes e, a última, do dia anterior. Pôs-se a ler algumas.

***

Reguengos de Monsaraz, 13 de novembro de 1991

Querido diário:
Não imaginas como lamento ter de usar estas tuas páginas imaculadas, manchá-las com o crude do meu desalento. É nas horas mortas, enquanto admiro a quietude estrelar, que a necessidade de desabafar grita mais alto.
As palavras tornam-se escassas para exprimir a tristeza que me assola. Hoje, após três meses de casamento, vi-me obrigada a defender o rosto das mãos do meu marido. O prato quebrado ainda jaz no chão da cozinha. Dói! Dói a leviandade com que investiu sobre mim, por uma insignificância. Tudo serve de pretexto para armar confusão, bem sei que à noite não se pode falar com ele, nem tentar chamá-lo à razão. É casmurro demais para reconhecer o estado de embriaguez que sempre o acompanha até casa. Faço-me de rogada para o acompanhar, talvez assim seja mais comedido com a bebida, mas a resposta é sempre a mesma: «O teu lugar é na cozinha e não no meio dos homens.» Parece que beber que nem uma esponja é coisa de macho, confere-lhe a masculinidade imprescindível para ficar bem visto junto dos comparsas.
Como desejo ficar de esperanças! Um filho fá-lo-á correr para casa. Poderá emendar-se por um herdeiro. Quem não quer ser o orgulho do filho? Voltará a ser o homem que eu escolhi... o homem que eu vi mal os nossos olhares colidiram pela primeira vez. Eu sei que sim.

***

Reguengos de Monsaraz, 28 de maio de 1994

Querido diário:
São três da manhã, estou sozinha com duas crianças de oito meses. Não consigo baixar a febre dos gémeos e o dinheiro que tinha guardado na lata do café sumiu. Vou mudando as toalhas, embebidas em água fresca, à espera que o pai se digne a aparecer. Tanto lhe recomendei! Os bebés precisam de leite e a embalagem do “Cerelac” está a dar as últimas. Maldito! Se entram em convulsão, como da última vez, estou perdida!

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Reguengos de Monsaraz, 9 de janeiro de 1999

Querido diário:
Dizem que não há nada melhor do que chegar ao fundo do poço. Como? Este poço não tem fundo! Sinto-me em queda livre há tanto tempo que já devo ter atravessado o centro da Terra. A vida insiste numa aprendizagem amarga e rude. Odeio o seu sentido de humor: mordaz, quase maquiavélico. A vida, incomodada com a minha ingenuidade, rasgou-me a vista para o mundo. Quando confundi um coma alcoólico com um desmaio, ela riu-se de mim. Percebi o quão idiota sou. Uma idiota chapada por ter chamado a ambulância a meio da noite, por ter arrancado os meninos da cama e seguido para o hospital, em busca de notícias, temendo o pior. Afinal, um comprimido mágico e estava pronto para outra. A sério?! Pergunto-me: por quanto tempo mais serei a personagem principal desta comédia ridícula? Ser o bobo da corte é algo muito desagradável. Como vou explicar tamanho aparato a estes vizinhos metediços?
Tenho medo da coisa que se está a formar dentro de mim. A haver uma repetição da cena... nem que ele morra, acho que não mexo um músculo que seja. É pena, porque eu já fui melhor pessoa do que isto.

***

Reguengos de Monsaraz, 13 de dezembro de 2001

Querido diário:
Hoje devia ter ido à festinha de Natal dos miúdos. Prometi-lhes! Como era à noite, implorei-lhe que, pelo menos uma vez, se abstivesse de beber. De nada serviu. Na hora de sair, podre de bêbado, sem forças para se manter em pé, proibiu-me de pôr os pés fora da porta. Apelei ao bom senso, sem querer entrar em conflitos, mantendo a minha determinação. Não sei onde foi buscar equilíbrio... O certo é que deitou as mãos à caçadeira, carregou-a e fez pontaria à minha cabeça. Estive tão perto de atirar a toalha ao chão! Morrer naquele momento era sinónimo de paraíso. Preferia a morte antecipada a uma repetição dela em vida – porque eu morro todos os dias e todos os dias sou obrigada a renascer. Depois, pensei nas crianças. Que cenário iriam encontrar após a festa? Quem cuidaria delas... isto, se não fossem as próximas a levar chumbo?
Engoli a minha determinação com repúdio e vesti, mais uma vez, o fato de submissa: «Seja feita a vossa vontade, meu lorde.»
Como desejei que essa paixão lhe corroesse o fígado e o transformasse em papas! Que o dilacerasse tanto como a mim!
Vês no que me estou a tornar?

***

Reguengos de Monsaraz, 9 de junho de 2008

Querido diário:
Pesa-me na alma a praga que um dia roguei. Repeti-a tantas vezes, no meu subconsciente, que acabou por se concretizar. A cor esverdeada do Constâncio não engana, a falência do fígado está iminente. Só um transplante o pode safar. É um turbilhão de sentimentos: por um lado, o dever de estar ao seu lado; por outro lado, a concretizar-se o pior, é o livrar de um peso morto. Talvez Deus me castigue por isto, mas só me vêm à cabeça más recordações: «Estás à espera de outro?», «Esses cães que façam alguma coisa que justifique a comida que engolem!», «Um dia ainda vou descobrir o rafeiro que tanto proteges!»
Sabes o que é um vaso Ming? Imagina que eu fui um desses artefactos... estilhaçada inúmeras vezes. Como se recupera uma peça desfeita? Nem em sonhos me permitiria traí-lo, foi o alfa e o ómega. Os filhos foram e serão a minha sombra constante, sobretudo em dias chuvosos. Como se atreve a enlamear o meu nome, só porque estendo roupa nas traseiras da casa e deixo a porta encostada? Julguei que o silêncio era a melhor resposta, mas sinto algo grandioso a formar-se dentro de mim, algo tão potente e destrutivo como uma arma nuclear. Tenho medo... medo de me tornar um deserto gelado... a Sibéria já esteve mais longe.

***

Reguengos de Monsaraz, 3 de fevereiro de 2009

Querido diário:
O transplante foi um sucesso! A vida ofereceu-nos uma segunda oportunidade. Trabalhei como uma louca para custear as visitas diárias ao hospital, para que nada lhe faltasse: comidinha caseira, pijamas, jornais... De tanto cuidar dele, esqueci-me de mim. Perdi onze quilos. Onze quilos que ofereço de bom grado, a bem da nossa felicidade. Creio que atingi o fundo do poço, agora é só ganhar impulso. Sinto-me feliz! Um milagre destes acontece por algum motivo... Fui presenteada com um milagre, dá para acreditar? Obrigada, meu Deus!

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Reguengos de Monsaraz, 29 de maio de 2010

Querido diário:
Um ano correu após a tormenta... Foi ingenuidade minha acreditar na bonança? Alguém morreu para que ele tivesse a hipótese de ter uma vida nova. Médicos e enfermeiros armaram-se em deuses para que regressasse do mundo dos mortos, e tudo isto para quê? Para voltar a enfrascar-se até às orelhas, para se sentir imortal. Mais arrogante do que nunca. Esqueceu-se de uma grande virtude: a gratidão! Isto revolta-me até às entranhas.
Algures por aí, há uma mãe que chora, uma noiva, um irmão, um amigo, um patrão... Há uma série de pessoas que sofrem com a ausência do seu ente querido. Alguém que, apesar de morto, continua a viver através do meu Constâncio, partiu retalhado por causa de uma amostra de gente. Esse alguém não teve quem o consertasse, não teve uma segunda oportunidade, ao menos que o seu órgão tivesse um destino digno. Um gesto de uma grandeza sobre-humana desta natureza merecia uma divindade e não um vasilhame de cerveja e vinho de quinta categoria.
Pessoas assim – ingratas – dão-me nojo. Esgotei a paciência para aquilo a que chamam de doença, dependência, vício ou moléstia. Cobardia, fraqueza, falta de caráter, coisa de gente pobre de espírito... isso, sim!... é a mais pura das verdades.
Deus, não permitas que os familiares do dador venham a conhecer este monte de esterco. Que continuem a sonhar que foi por uma boa causa.

***

Constâncio ia lendo, avançava várias páginas de uma só vez, sedento de um feito altruísta que tivesse ficado gravado naquelas folhas de papel. Nada. Nem um parágrafo, uns parêntesis, uma sílaba, uma vírgula. Percebeu, finalmente, o ser vazio em que se tornara. Adivinhava o final da história; ainda assim, tinha de ver para crer. A última página, um derradeiro sopro de vida, era dirigida a si. Já não era ao diário confidente, aquele objeto que, durante anos e anos, cumprira uma função que não era sua. Ele é que devia ter ouvido estes desabafos. Devia ter compreendido, ter sido sensível ao sofrimento que causava à sua família. Era ele! Mas parecia ser tarde demais.

***

Reguengos de Monsaraz, 7 de maio de 2015

Meu amor:
Percebes agora porque estás sozinho? Travei um combate desigual e perdi. Saí derrotada deste braço de ferro, a bebida levou a melhor. Mas dei luta, não dei? Fica por aqui a nossa história. Cabe-te a ti inventar uma nova, se quiseres.
Os meus filhos – aqueles que só foram nossos por breves minutos, os minutos obrigatórios para a sua conceção – sabem onde te encontrar, se tiverem vontade.
Duvidares de mim foi a última gota. Saboreia-a até ao fim dos teus dias.

***

O néctar dos deuses metamorfoseara-se na maldição dos mortais. E porque não seria maldição se não fosse para dar continuidade, fechou o diário e pensou que amanhã seria um bom dia para deixar de beber.
Amanhã...



NOTA BIOGRÁFICA DA AUTORA

Suzete Fraga nasceu a 29 de Janeiro de 1978, em Azurém, Guimarães. Concluiu o nível secundário em 2012, através das Novas Oportunidades. A Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares da Póvoa de Lanhoso atribuiu-lhe o Prémio do Escalão Público em Geral (maiores de 16 anos), no Concurso Literário António Celestino, no ano letivo 2011/ 2012. Exerce a sua profissão no setor têxtil, desde os 17 anos. No entanto, o sonho de enveredar no mundo da Literatura prevalece. Participa nas obras colectivas «Quando o Amor é Cego» (que resultou do 5º Concurso Literário da Papel D’Arroz Editora), «Caprichos & Virtudes» (Papel D’Arroz Editora), «A Bíblia dos Pecadores» (Pastelaria Studios Editora) e escreveu um texto para «Boas Festas» (Silkskin Editora), uma antologia de Natal que ainda se encontra a decorrer, as duas últimas organizadas e coordenadas por Isidro Sousa. Este texto, «Até à Última Gota», venceu o 6º Concurso Literário da Papel D’Arroz Editora.


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Tive o grato prazer de fazer a revisão deste conto da minha amiga Suzete Fraga, que venceu recentemente o 6º Concurso Literário da Papel D'Arroz Editora, subordinado ao tema «O Poder do Vício». Sinto-me muito feliz por a Suzete ter vencido o concurso. Ela merece! Desde que a conheci, tenho acompanhado o seu percurso e, especialmente, a sua evolução na arte de escrever. Atrevo-me a dizer que ninguém melhor do que eu (excepto pessoas mais próximas dela) conhece tão bem o seu esforço, a sua luta, a sua vontade de crescer - que se traduziu nesta vitória. A sua primeira grande vitória no mundo literário! Uma vitória muito merecida! Ela é um ser humano magnífico... uma mulher simples, humilde, amiga, solidária, sempre atenta ao que se passa ao seu redor. O texto não é meu e nada mais lhe fiz do que pequenas (muito pequenas mesmo) correcções e eliminar-lhe eventuais imperfeições, no entanto, não posso deixar de sentir um certo orgulho por um texto por mim revisado ter vencido um concurso literário. Tive muito prazer em revisá-lo, sim. E terei um prazer redobrado em redigir o prefácio para o livro que a Suzete irá publicar, o prémio do concurso. Publico hoje, neste meu blogue, o texto vencedor do concurso (que também se encontra no blogue da editora), com a devida autorização da Autora. (Isidro Sousa)


7 comentários:

  1. Obrigada, meu amigo! Fico comovida com as tuas palavras. Mas não menosprezes o empenho aplicado no meu texto. Passar pelas tuas mãos foi meio caminho andado, rumo à vitória. Espero que continues a dar este tratamento aos meus textos, tranquiliza -me! E a felicidade só será completa quando chegares ao topo, onde já devias estar há muito! Algo que está iminente, eu sei que sim. Abração!

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  2. A historia nao é nada de novo ...infelizmente - A forma de a escrever tem todas as qualidades e mais algumas - de narrativa perfeita e cativante - por mim merecia dois premios em vez de um - PARABENS jp

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  3. Muito bom drama, contando uma história que poderia se tornar banal, afinal, histórias envolvendo o vício em álcool há muitas, tanto na ficção quanto na realidade, mas graças à prosa de alta qualidade da autora, que enfatizou o aspecto humano e sofredor dos personagens, o texto se enriqueceu, e resultou em uma ficção, com muitas verdades, de alta qualidade, realmente mereceu o prêmio.

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