20 março, 2016

REVISTA CONEXÃO LITERATURA - ENTREVISTA COM ISIDRO SOUSA

Isidro Sousa com Sérgio Sola e Manuel Amaro Mendonça no lançamento de «A Bíblia dos Pecadores»,
que ocorreu no passado dia 13 de Fevereiro, no restaurante Taska Real Portuguesa, em Lisboa


ENTREVISTA COM ISIDRO SOUSA
por Ademir Pascale


“Uma antologia é uma obra colectiva que reúne autores de várias sensibilidades,
estilos, culturas e géneros, tanto autores já distinguidos ou consagrados
como aqueles que publicam pela primeira vez.” 


Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Isidro Sousa: Foi um arranque deveras trabalhoso, tão desejado quão sofrido; envolveu uma luta titânica, qual David enfrentando Golias, com um grupo editorial que pretendia apoderar-se, sem o menor escrúpulo, de uma antologia que organizei: «A Bíblia dos Pecadores». Não permiti. Não me deixei seduzir nem ludibriar, tão-pouco me intimidei com ameaças ou insultos. Vivi dias de terror, no entanto, lutei com a garra de um leão para defender o meu projecto! Não obstante as parcerias noutros projectos que decorriam em simultâneo, desenvolvi, desde o início, esta antologia de um modo totalmente independente e autónomo. Graças a Deus, consegui salvá-la da influência maléfica, totalmente obscura, daquele grupo editorial que não tem a menor transparência, levando-a a um porto bem seguro. Na sequência desse conflito, decidi relançar-me como editor.

Conexão Literatura: Relançar-se como editor? Então, a sua experiência já é longa...

Isidro Sousa: Escrevo desde a adolescência, todavia, nunca me foi concedida a possibilidade de publicar. Escrevi o primeiro romance em 1999 e um livro de poesia em 2001; ambos permanecem inéditos. Em 1996, iniciei a actividade jornalística e editorial. A literatura era o sonho, o jornalismo surgiu por acaso... porém, um acaso muito feliz. Permitiu-me conhecer outros autores e jornalistas. Enquanto editor, publiquei trechos literários em paralelo com as peças jornalísticas, nas publicações que fundei e dirigi, e organizei a «1ª Antologia de Literatura Homoerórica Portuguesa», que editei em 2001 com o patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa. Mais tarde, integrei a redacção da Colorpress Editora, para a qual produzi textos a um ritmo alucinante. Em 2012, a minha actividade editorial sofreu um interregno. Deixando de editar, a desmotivação dominou-me. Parei de escrever. A luta pelo lançamento do romance mantinha-se, mas a luz no horizonte não se vislumbrava. Em 2014, acercando-me do meio literário, eis a lufada de ar fresco! A motivação ressurgiu com prazer redobrado. Recomecei a escrever... mergulhando, de corpo e alma, no universo literário. Participei em dezenas de obras colectivas e fui distinguido com o 2º Prémio no 5º Concurso Literário da Papel D’Arroz Editora. Esse reconhecimento funcionou como um incentivo, levando-me a criar as condições necessárias que me farão realizar o sonho. Foi quando decidi organizar «A Bíblia dos Pecadores». Em paralelo, surgiu o convite para dinamizar a Silkskin Editora – para a qual organizei a antologia «Boas Festas». Meses volvidos, um grave conflito com a responsável pela empresa (que agrupa quatro editoras) fez-me romper os vínculos. Como já tinha uma antologia independente em curso, creio ter feito a melhor opção: contra ventos e marés, relançar-me como editor.

Conexão Literatura: Você foi editor de jornais e revistas, tendo fundado em 1996 a revista “Korpus”, considerada a primeira revista gay portuguesa; também editou e dirigiu o “Púbico”, jornal homoerótico, e desde 2003 produz e edita anualmente o “Lisbon Gay Guide”, um guia turístico distribuído gratuitamente em locais específicos da comunidade LGBT. Poderia comentar?

Isidro Sousa: O meu percurso enquanto editor de publicações periódicas é longo; começou há 20 anos. No entanto, até aí nunca havia almejado o jornalismo; somente a literatura. Mas a “Korpus” revelou-se um acaso muito feliz; surgiu durante uma brincadeira, para provar aos meus amigos que conseguia editar uma revista. Nessa época, eu tinha 22 anos; era bastante jovem e um tanto inconsequente... mas já possuía um espírito audaz, atitudes arrojadas e não perdia tempo com indecisões. Editei a “Korpus” durante 12 anos; foi o primeiro órgão de comunicação dedicado às minorias sexuais em Portugal, numa época em que o preconceito grassava. E embora fosse uma publicação temática, era generalista dentro da sua especificidade: política, cultura, intervenção, associativismo, lazer, erotismo... os conteúdos, da simples legenda à grande reportagem, abrangiam tudo! Entrevistei, por exemplo, o falecido poeta Eugénio de Andrade e publiquei uma entrevista com o realizador Pedro Almodóvar. Reuni uma equipa de excelentes colaboradores, escritores incluídos. Dei um forte contributo nas lutas concretizadas, nas leis que se criaram, no bem-estar que a comunidade LGBT portuguesa alcançou. O “Lisbon Gay Guide” é um guia desdobrável com formato de bolso, actualizado anualmente, bilingue; destinado aos turistas que visitam Lisboa, inclui informações sobre os locais LGBT existentes na cidade: bares, discotecas, hotéis, saunas, restaurantes, lojas, organizações, etc. O “Púbico”, por sua vez, foi a publicação que sucedeu à “Korpus”, em 2008. Sendo um jornal (impresso) e tendo menos páginas, envolvia menos custos de produção; editei-o em parceria com a Colorpress Editora e os conteúdos privilegiavam o erotismo, mas um erotismo bem cuidado, com qualidade, sem cair na pornografia. Tinha também uma vertente formativa e informativa, com crónicas, opinião, reportagens, consultório assegurado por um psicólogo e espaços para a cultura e o social. Foi editado até 2012, ano em que a Colorpress cessou a actividade. Por arrastamento, eu deixei também de (poder) editar.    

Conexão Literatura: Você tem como projeto lançar a editora Sui Generis. Fale mais para os nossos leitores sobre a ideia da editora e sobre os lançamentos da coleção de livros que leva o mesmo título.

Isidro Sousa: O nome Sui Generis existe como marca desde Dezembro de 2015, sendo o título de uma Colecção de Antologias, porém, dará origem (a curto prazo) à editora Sui Generis. Constituir uma editora é um processo nada fácil, envolve questões financeiras e imensas burocracias, pode demorar. Em Dezembro passado, estabeleci uma parceria com a editora EuEdito – que me permite publicar já as obras Sui Generis sob a sua tutela (essa parceria facilita, por exemplo, tudo o que se relaciona com questões burocráticas); caso contrário, teria de esperar meses para lançar a minha editora. Não obstante, após ter a editora formalmente constituída, tenciono manter a parceria com a EuEdito; é mais vantajoso. Numa fase inicial, a Sui Generis promove somente obras colectivas, organizará brevemente tertúlias e workshops literários em associações culturais, envolverá outros autores na coordenação de projectos e lançará os meus livros individuais; numa fase posterior, dará também atenção a outros autores... mas somente a autores que conheço e cujas obras admiro. Darei preferência, indiscutivelmente, aos Autores Sui Generis... aqueles que colaboram com projectos Sui Generis. Recuso manuscritos para análise (não há disponibilidade para isso), prefiro ir conhecendo os autores e eu mesmo farei convites quando considerar os momentos oportunos. Não é objectivo da Sui Generis publicar uma grande quantidade de autores, como se vê na generalidade das editoras; prefiro editar poucos, mas bons! A Sui Generis privilegia a qualidade! Aliás, todos os trabalhos (quer colectivos, quer individuais) passam sempre pelo meu crivo; eu mesmo reviso os textos. Não quero lixo ortográfico, nem gralhas, nem qualquer tipo de incorrecção ou imperfeição nos livros Sui Generis. E jamais associarei o nome Sui Generis a uma obra mal concebida – por dinheiro nenhum!

Conexão Literatura: Você organizou a antologia “A Bíblia dos Pecadores”, lançada em fevereiro. Nela foram publicados contos de autores brasileiros e portugueses. Conte para nós como foi a ideia do título e como foi a seleção dos contos.

Isidro Sousa: “A Bíblia dos Pecadores” é a obra inaugural da Colecção Sui Generis. Foi lançada no dia 13 de Fevereiro com a chancela da EuEdito e reúne 44 autores, 30 portugueses e 14 brasileiros, ao longo de 378 páginas. A ideia desta obra foi criar uma “Bíblia” – Do Génesis ao Apocalipse – inspirada em episódios da Sagrada Escritura, porém, construída por Pecadores e cada autor escolheu o tema que desejou desenvolver. Na selecção dos textos, privilegiei, especialmente, a qualidade e o enquadramento no espírito do projecto, todavia, houve um acompanhamento muito próximo aos participantes. Temos vários autores (de todas as idades) com obras individuais publicadas, muitos deles já premiados, distinguidos em concursos literários, campeonatos e certames similares; temos outros autores que só escreviam poesia e estrearam-se agora na prosa, respondendo ao meu desafio; e temos aqueles autores estreantes, que publicam pela primeira vez um texto em livro. Quanto aos conteúdos, são muito, muito, muito diversificados. Cada autor, um tema diferente! Cada texto, um estilo Sui Generis! Do drama à comédia, da aventura à sátira, da prosa poética à peça de teatro, da crónica ao romance, do policial à ficção científica... existe um pouco de tudo! E é essa grande variedade de temas, essa diversidade de estilos e géneros literários que enriquece esta “Bíblia” de Pecadores, tornando-a uma edição única... verdadeiramente sui generis! 

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho de “A Bíblia dos Pecadores”, especialmente para os nossos leitores?

Isidro Sousa: É dificil destacar só um texto. Temos dramas, aventuras, crónicas, comédias, sátiras deliciosas... Por exemplo: aos costumes de Sodoma e Gomorra, especialmente à mulher de Lot, que virou Estátua de Sal. Ou então às donas de casa sexualmente insatisfeitas, reflectidas numa Eva descontente com a sua condição feminina face ao companheiro homem. A figura de Eva inspirou textos belíssimos. O mesmo sucedeu com Maria Madalena. Algumas seitas actuais e actos de charlatanismo protagonizados por certas individualidades também são visados através da ironia. Nos policiais, destaco o renascimento do assassino numa nova vida, a empresária sem escrúpulos inspirada em Jezabel e o estupendo serial killer que ocorre em paróquias do Rio de Janeiro. A infidelidade, a desilusão amorosa e o adultério deram pano para mangas. Há belíssimas histórias de amor e algumas crises de consciência, quer com a própria sexualidade, quer nas guerras sangrentas. Estórias amorosas entre seres do mesmo sexo não foram olvidadas. As vantagens e os benefícios do voluntariado, a violência doméstica e a escassez de dinheiro, as crises de refugiados, Direitos Humanos, a violência no mundo, a condição feminina em solo africano e as consequências do alistamento nas fileiras do Estado Islâmico são outros temas abordados através da literatura. A ambição de Babel, a tragédia de Abel, a fuga de Jacob, a paixão de Lázaro, espiritualidade, misticismo e biografias romanceadas também estão presentes, especialmente a de Barrabás, transmitindo a visão do criminoso perante o martírio do inocente. Ah, e temos uma aventura deveras interessante inspirada nessa mesma figura, a de Barrabás, mas à laia de Robin dos Bosques. Na ficção científica, conspirações e visões apocalípticas. E textos futuristas. Mas há mais... muito mais!

Conexão Literatura: Como os interessados deverão proceder para adquirir um exemplar do livro?

Isidro Sousa: O meio mais fácil e directo para comprar qualquer livro Sui Generis é ficarem atentos às páginas e grupos que disponibilizo nas redes sociais. Utilizo o Facebook e o Twitter. Pesquisem pelos nomes “Isidro Sousa”, “Isidro Sui Generis” e “Sui Generis”. Aos dois blogues também: “De Lírios” (http://isidelirios.blogspot.pt), o meu blogue pessoal, e “Letras Sui Generis” (http://letras-suigeneris.blogspot.pt). Podem comunicar por chat privado, através dos comentários e por e-mail (letras.suigeneris@gmail.com); o processo de venda do livro passa, quase todo, pelas minhas mãos. Podem encomendar comigo. Mas a versão impressa do livro e a versão descarregável, ou o e-book, bastante mais económico, encontram-se também disponíveis na livraria virtual da EuEdito (www.euedito.com); basta entrar na opção “Livraria” e pesquisar com a palavra “Bíblia”. Além disso, faremos brevemente o lançamento internacional de “A Bíblia dos Pecadores” através da Amazon. E novos locais de venda que se conquistem serão indicados em todas as nossas páginas.


Conexão Literatura: Você estará lançando em breve a antologia “O Beijo do Vampiro”. Poderia comentar?

Isidro Sousa: “O Beijo do Vampiro” é a segunda antologia da Colecção Sui Generis e reúne contos vampirescos de 37 autores: 22 portugueses e 15 brasileiros. Apesar de haver uma presença bastante significativa de autores brasileiros em relação aos autores de outros países (até aqui, inexistente), as nossas antologias são lusófonas. Este livro está em fase de produção e edição; a sessão de lançamento, ainda não agendada, deverá ocorrer no fim de Março. Como o próprio título sugere, o tema desta antologia é o universo dos vampiros. Embora seja um tema mais limitado em relação aos episódios bíblicos, registou uma forte adesão, despertou imenso interesse! Os textos são igualmente bastante variados: do drama à aventura, do romance ao sobrenatural, da comédia ao policial, do fantástico à ficção científica. Após a publicação de “O Beijo do Vampiro”, lançaremos “Vendaval de Emoções”, a terceira Antologia Sui Generis, que reúne poemas e prosa poética de seis dezenas de autores lusófonos; nesta obra, temos já incluídos autores africanos e o tema são as emoções.

Conexão Literatura: Como os leitores poderão saber mais sobre os seus futuros projetos?

Isidro Sousa: Todas as informações relacionadas com as Antologias Sui Generis são divulgadas nas páginas que citei. Mas devo referir que... além dos três projectos literários de que já falei, temos outras antologias a decorrer: «Ninguém Leva a Mal», que visa seleccionar estórias carnavalescas (prazo para recepção de textos prorrogado até 15 de Março), «Sexta-Feira 13», dedicada aos Mitos & Superstições (também até 15 de Março; para ser lançada na única sexta-feira dia 13 deste ano), e «Os Vigaristas» (até 31 de Março), que visa seleccionar crónicas, poemas e contos do vigário. No início de Março, arrancaremos com uma nova Antologia de Poesia Lusófona dedicada às paixões, intitulada «Torrente de Paixões» (até 15 de Abril), e teremos, na terceira semana de Março, outro projecto dedicado às Ruralidades portuguesa e brasileira, «Saloios & Caipiras – Lendas, Causos e Poesia», coordenado por uma autora brasileira: Marcella Reis. Todos os autores que se interessem por alguma destas antologias, devem consultar os respectivos regulamentos, publicados nos nossos blogues, ou então comunicar comigo. Ficam, desde já, convidados à participação. Quanto aos leitores, mantenham-se atentos aos blogues e às páginas nas redes sociais, onde divulgo todos os meus trabalhos... quer individuais, quer colectivos. E para adquirir qualquer um destes livros, comuniquem directamente comigo.   


Perguntas rápidas:

Um livro: «A Última Tentação de Cristo», de Nikos Kazantzakis, que deu origem ao filme com o mesmo título.

Um autor: Guilherme de Melo – cuja obra admiro e tive o privilégio de conviver com ele, enquanto viveu; tinha uma postura ímpar. Além de ter sido meu amigo, é uma referência para mim.

Um filme: «Tudo Sobre a Minha Mãe», de Pedro Almodóvar, e todos os filmes deste realizador.

Um dia especial: Muitos! Mas destaco o mais recente: 13 de Fevereiro, dia em que ocorreu o lançamento de «A Bíblia dos Pecadores». Foi muito especial, verdadeiramente emocionante...


Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Isidro Sousa: Gostaria de salientar a importância destes projectos. Uma antologia é uma obra colectiva que reúne autores de várias sensibilidades, estilos, culturas e géneros, tanto autores já distinguidos ou consagrados como aqueles que publicam pela primeira vez. Participando, o autor divulga o seu trabalho, mostra o seu talento, vai trilhando um caminho e atinge mais facilmente objectivos específicos. Há que frisar: foi através da participação em diversas obras colectivas de várias editoras, em Portugal e no Brasil, que eu consegui relançar-me! Para o leitor, é uma oportunidade de ler textos distintos de diferentes autores num só livro. Por outro lado, recomendo mil cuidados na hora de procurar uma editora para publicar um livro. Analisem bem as propostas que recebem, leiam todas as entrelinhas dos contratos. Nada assinem, enquanto tiverem dúvidas. Observem também o funcionamento das editoras. Uma editora que não prima pelo rigor, não analisa nem revisa textos, apresenta capas foleiras feitas às três pancadas, não divulga nem promove as suas obras e/ou autores e persiste em publicar lixo literário não beneficia nem credibiliza nenhum autor. Em Portugal, infelizmente, há muitas que procedem desse modo; como lobos disfarçados na pele do cordeiro. Se não conhecem, questionem. Dêem especial atenção às queixas de outros autores. Eles podem ter razão! Eu tive o desprazer de trabalhar num grupo editorial cuja conduta é essa mesma: tudo o que vier à rede é peixe! Não há rigor, não há selecção, não há qualidade, só lhes interessa sugar os autores, enchendo os bolsos de dinheiro. Não pensem que estou a exagerar! Eu sei do que falo. Foi justamente por isso que bati com a porta e decidi relançar-me como editor. Para mim, só existe um lema: qualidade acima de tudo!



Entrevista publicada na revista «Conexão Literatura»
Edição Nº 9, Março 2016, páginas 25-30

A mesma edição inclui uma página completa de publicidade às Antologias Sui Generis, na página 19, e um texto de Isidro Sousa sobre «A Bíblia dos Pecadores» (com o título «Livro A Bíblia dos Pecadores») nas páginas 35-36.

1 comentário:

  1. Muitos parabéns! Uma excelente promoção da nossa Bíblia e ainda conselhos muito úteis na hora de optar por uma editora. Convém pensar seriamente no assunto para que certas aberrações na área editorial não nos tirem a alegria e o prazer de escrever. Que a sorte e o sucesso estejam sempre do teu lado. Abraço

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